5.5.08

Sem armaduras...

Para Felipe Botelho

- Desculpe a indiscrição, Iorek Byrnison, mas você podia viver com orgulho e liberdade no gelo, caçando focas e leões-marinhos, ou podia ir para a guerra e ganhar muitos prêmios; que é que prende você a Trollesund e ao Bar de Einarsson?

[...]

- [...] Fico aqui e bebo porque os homens daqui tiraram a minha armadura, e sem ela eu posso matar focas, mas não posso ir para a guerra. Eu sou um urso de armadura: a guerra é o mar onde eu nado e o ar que eu respiro. Os homens desta cidade me deram bebida, me fizeram bber até dormir, e então tiraram a minha armadura. Se eu soubesse onde ela está, iria derrubar a cidade até pegar de volta. Se querem o meu serviço, o preço é este: devolver minha armadura. Se fizerem isto, eu vou ajudar na sua luta até morrer ou até vocês vencerem. O preço é a minha armadura; quando eu tiver de volta a minha armadura, nunca mais vou precisar da bebida.

(Excerto do livro A Bússola Dourada, de Philip Pullman.)


E, em tempos de votação da lei que proíbe a propaganda de bebidas alcólicas no Brasil, vale perguntar: quantos de nós sabemos onde estão nossas armaduras?

Beijinhos pra ti, Botelhudo!

6 comentários:

Luiz Felipe Botelho disse...

Coisa mais linda que postastes, Evinha. Me tirou de tempo. Valeu.
Bjão

Anônimo disse...

eu concordo com essa proibição, eu sei o que o álcool pode fazer contra nós. Para quem sabe ir e vir tudo fica mais tranqüilo e essa regulamentação do estímulo ao uso do álcool nada interfere, mas para aqueles que vão e se perdem, é de fundamental importância que os deixem livres para escolher, porque numa cultura regulamentada pela tv e pela propaganda, onde o ter e a identificação com a massa é mais importante do que o ser e a originalidade, bombardear as pessoas, e nem as crianças são poupadas, com lindas propagandas, com músicas cantada por ícones da cultura nacional, recheadas com lindas mulheres e homens é burro e cruel. Bom eu parei de beber a algum tempo e agora consegui encontrar a minha armadura.
beijos Eva e todos.

Anônimo disse...

Hum, desculpem a falta de educação de não me apresentar, esse comentário ai em cima foi feito por mim, Primo Ferreira.
beijos.

Eva Duarte disse...

Primo, querido,
Pois foi pensando em todos nós que andamos por aí desprotegidos que trouxe a conversa entre Iorek e Lyra para cá.
Somos reféns da propaganda, do assédio, da falta de alternativa de lazer e de reflexão.
Meu amigo José Huerta já andou o mundo, mas ficou impressionado qdo o levei ao mercado da boa vista, no centro do recife. Ele me disse q nunca tinha visto uma propaganda de bebida alcólica tão ostensiva em lugar nenhum.
Vivemos num país dopado pelo álcool, onde as pessoas trabalham para ter o dinheiro da cervejinha, ou seja, fazemos a mágica de transformar $$$$ em xixi, danificando nossos corpos e mentes no meio-tempo.
Tb sou vítima.
Ainda...
Felipe, nossas conversas nos trouxeram até aqui!
Muitos beijos,
eva

Falk Brito disse...

Sem saber o (tanto) que dizer: "O fim de todas as nossas explorações será chegar ao lugar de onde partimos e o conhecer, pela primeira vez" (T.S.Eliot).

Maité disse...

Evinha, vc não cansa de me surpreender? Ou eu não me canso de ser surpreendida por vc? Já é tarde e estou cansada... mas passar pelo seu blog já virou uma rotina pra me fazer viajar...

Obrigada....