No livro Extreme Origami, Kunihiro Kasahara conta uma lenda fundamental para a tradição das dobraduras japonesas, especialmente a de uma caixinha perfeita chamada Tamatebako.
Ele diz:
“Taro é um nome masculino popular no Japão e lá existe uma lenda muito conhecida sobre um homem com esse nome e sua Tamatebako.”
E eu faço uma tradução bem livre da lenda:
Urashima-Taro e sua Tamatebako
Era uma vez,
havia um pescador chamado Urashima-Taro.
Um dia ele viu crianças maltratando uma tartaruga marinha.
Ele, então, negociou com elas a liberdade do bichinho o devolveu ao mar.
Algum tempo depois, a tartaruga voltou e, em agradecimento, convidou-o para conhecer Ryugu-Jo, o magnífico palácio de Oto-Hime, a Senhora do Mar.
Lá, ele foi homenageado com um suntuoso banquete e Urashima-Taro se esqueceu do tempo.
Mas, depois de um longo período, ele sentiu saudades da sua vida na terra e decidiu voltar.
Como um presente de despedida, a Rainha do Mar lhe deu a Tamatebako como uma lembrança de Ryugu-Jo e disse:
- Nunca abra esta caixa! E assim, você terá uma vida feliz e muita sorte.
Ele montou nas costas da tartaruga que o trouxe de volta à terra.
Mas ele estranhou tudo, não reconhecia sua aldeia nem as pessoas que viviam em sua casa.
Urashima-Taro se viu muito sozinho e sentiu saudades de Ryugu-Jo.
Então, ele abriu a pequena caixa proibida....
uma fumaça branca começou a sair da Tamatebako
e Urashima-Taro se transformou num velho homem de cabelos brancos.
O tempo perdido do passado havia sido preso na caixa e a nostalgia acabara de libertá-lo.
Essa história - como as lendas e mitos em geral - fala da nossa vida em figura de linguagem.
O mestre Kasahara compara a Tamatebako à caixa de Pandora.
Mas creio que as conseqüências da abertura da caixinha japonesa têm um cunho muito mais pessoal, individual.
Ela fala do ser-estar no mundo.
Quem não vive o presente,
querendo sempre estar em outro tempo-espaço,
envelhece, entristece, amarga-se de melancolia...
Bons tempos aqueles!
Não me conformo quando ouço uma frase dessas!
Bons tempos são estes, em que estamos pulsantes e vivos!
Daqueles tempos temos nada além de uma memória-gravação tantas vezes editada.
Bons tempos são os de hoje, em que não temos medo ou vergonha de dizer:
eu te amo!
teu trabalho é fantástico!
quero minha demissão!
Em que temos liberdade para trocar
o almoço por um sorvete,
a casa por um atelier,
uma má companhia pelo prazer de me levar a passear...
Bons tempos são esses!
O instante-já!
(Vi)vamos!
Beijos!
eva
9 comentários:
Que lindo Evinha!!!!
É verdade...temos que prestar atenção para não disperdiçarmos o "nosso agora" que é o de realizações e mudanças, com o saudosismo e as suposições sobre o amanhã!!!
Gosto muito de ver/ler seu Blog!
Muitos beijos
Maria
Que lindo Evinha!!!!
É verdade...temos que prestar atenção para não disperdiçarmos o "nosso agora" que é o de realizações e mudanças, com o saudosismo e as suposições sobre o amanhã!!!
Gosto muito de ver/ler seu Blog!
Muitos beijos
Maria
Evinha....tradução perfeita....adorei...
Vc é demais...
bjs
Eva, desta vez vc se superou... Lindo...
Sinto saudades de muito tempos passados com os amigos que estão longe e, também por isso, vivo aperriando novos amigos... ;)
Beijocas,
Oi Eva!
Sou uma admiradora do seu trabalho!
Sabe oq ue mais me encanta neles?? As CORES que vc usa! Eu amo cores vibrantes e muito colorido junto! Traduz muito bem a beleza do nosso nordeste brasileiro ^__^.
Parabéns por essa maravilha que vc produz!
Um super beijo ensolarado!
Keithy
Oi Evinha!
Lindos origamis...
Lindas palavras!
Maravilhosa mensagem!
Amei!
Beijos!!!
"De eso está hecha la vida, sólo de momentos;
no te pierdas el ahora", diz o poeta.
Beijos,
Jorge
Lindo, lindo, lindo...
"O tempo mais importante é o agora!"
Parabéns pelo blog, parabéns pela alegria de viver.
Bjos e abraços dobrados!
Rafa ;)
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