24.10.17

Era uma vez, o segundo dilúvio!


Em 1999, Pierre Lévy trouxe a figura do segundo dilúvio traçada pelo seu amigo Roy Scott à tona para nos fazer refletir sobre as consequências da produção e reprodução irrefreável de informações e meios baseados nas telecomunicações.
Como era bonito imaginar as pessoinhas nos seus barquinhos e pranchas de surf transitando livremente entre sites, blogs, e-mails. Lévy dizia: “Temos que ensinar nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a navegar”.
Mas, a imagem do dilúvio foi mais longe e Lévy nos fez imaginar um Noé que fizesse a seleção do que o futuro deveria desfrutar. E da escotilha, Noé veria outras tantas Arcas infinitamente dispostas sobre o mar de informações, cada qual com uma seleção, a fim de se garantir a diversidade.
Infelizmente, não foi assim que aconteceu.
Quando Noé, somente um Noé, arrumou a sua seleção, Jeová Zuckerberg fechou a Arca por fora e quebrou-lhe uma garrafa do melhor champagne, batizando-a Facebook. A imensurável Arca azul nunca conseguiu aportar no Monte Ararat e a previsão tão linda de Lévy foi sufocada pela praga do algoritmo. Mas, essa mesma praga começou a corroer a Arca. Os escolhidos por Noé discretamente arrancam tábuas e pregos para construir pequenas, porém contagiantes, embarcações, os grupos do Facebook.
Através das escotilhas já se avista o surgimento de nadadores, surfistas e pessoas em dinâmicas formas nascidas do encontro de suas boias feitas de velhas câmaras de pneus que encontraram a flutuar.
Venham olhar!

Convido também todo mundo a fazer exercícios de memória acerca do que era a internet no início dos anos 2000, de reflexão acerca de como aquela diversidade minguou e de vislumbre acerca de como podemos desmontar o navio de cruzeiro que nos aprisionou para voltarmos à livre expressão de outrora.

Tenho pensado muito nisso, em me diasporar!
E nem preciso ter medo, porque, se eu me afogar lá fora, sempre poderei voltar.
Afinal, o facebook é e sempre será gratuito!
\o/

Um comentário:

Unknown disse...

Facebook não é feito para a peixinhos que cria seus perfis, curte seus amigos e páginas preferidas. É feito para os tubarões dispostas a pagar propagandas milionárias para comer o juízo dos peixinhos. O Facebook é como um viveiro, uma fazendinha, que vai alimentando os peixinhos para engorda... a gente não paga por ele, mas pagam muito bem para comerem a gente.