30.11.16

Estripulinhas!!!

Muita gente está confusa com meus bordados recentes, mas o fato é que essa é uma tradição de família passada de mão em mão.
Minha avó Carminha fazia vestidos de noiva, buquês, grinaldas e enxovais para as famílias moradoras do engenho que meu avô administrava. Ela bordava lindamente e com uma pegada bem contemporânea, sem laçarotes, nem ramalhetes.


Bordado de vovó Carminha - detalhe de colcha de cama

Somos uma reca de irmãs e primas, muitas meninas! Arranjavam todo tipo de distração para aquelas pestinhas! Minha mãe e minha tia Eva nos ensinaram a bordar, mas tínhamos que seguir riscos previamente definidos. Aprendi os pontos, mas não me interessei muito.
Até que Kiichi resolveu vir ao mundo e eu voltei a bordar. Eram temas loucos, de girafas e hipopótamos a los três amigos! Mas, uma vez mais os riscos não eram meus. Eram de um lindo livro italiano que comprei não lembro mais onde.
Ao longo das décadas, fiz algumas intervenções caligráficas aqui e ali, mas não me empolgava.
Nesse ínterim, vi até ponto cruz na Bienal e conheci projetos autorais, como o gracioso e generoso Mar de Linhas, que brinca com crochê e bordado lá em Alagoas.
Mas não me via ainda fazendo essas estripulias.

Foi quando o convite para a redação de um catálogo me levou a Passira, uma cidadezinha agrestina bem quente e pequenina. Lá, parece que o tempo parou. Tem gente que vive só de bordar, dezenas de famílias! Mas, os temas são bem tradicionais e os riscos, guardados e replicados como se fossem tesouros arqueológicos.
Acho chato repetir, repetir e eu não viveria bordando as mesmas florinhas e bainhas que eu nem mesmo concebi. Porém, durante a pesquisa sobre a história da técnica em dissertações, teses e vídeos de colóquios, encontrei um outro ponto de vista, o da liberdade. Aquelas professoras sabidas afirmavam com muita categoria que as máquinas chinesas tinham nos libertado da repetição! Que agora, sim, podíamos lidar com o bordado como forma de expressão.
Que beleza!
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Relembrei os pontos e as ideias de associação das Dobrinhas com o bordado não paravam de surgir. Daí, nasceram as Estripulinhas - obrigada pelo nome fofo, querida Sarah!!!
O resultado são releituras de kusudamas sob a forma de quadrinhos com aplicações.
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Amando fazer isso!!!
\o/


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